Por Edvar Oliveira | sex, 12 de abr de 2013 14:46 BRT
Eles foram músicos incríveis, mas morreram quando ainda tinham uma vida inteira pela frente. Viraram ídolos, mitos. Causaram um vazio imenso quando partiram, e embora tenham vivido pouco por aqui, deixaram um legado incontestável para a música brasileira.
Veja a seguir, 10 músicos brasileiros que foram formidáveis, mas nos deixaram cedo:
Foto: Agência Estado
Renato Russo -
27/03/1960 - 11/10/1996
O Trovador Solitário: Renato Manfredini Júnior, esse era o nome de Renato Russo, o líder e fundador da mais famosa banda brasileira de rock, a Legião Urbana. Renato nasceu no Rio de Janeiro, cresceu em Brasília, mas suas canções o fizeram se tornar um cidadão do país inteiro. Porém, nem tudo foi lindo na vida de Renato Russo, entre os 15 e os 17 anos, ele travou uma luta injusta contra uma doença óssea, que o faria viver por um bom tempo em cadeiras de rodas. Mas isso não o impediu de seguir em frente, de compor músicas lindas, de protestar e gritar bem alto "Que País é Esse". O nosso Trovador Solitário morreu solitário no seu apartamento, vítima da AIDS. Mas antes que partisse, Renato Russo viu muita coisa, viu nascer a geração Coca-Cola, viu pessoas acordadas imaginando alguma solução, viu o vento no litoral, viu pais e filhos. Só não viu o seu próprio filho se tornar um homem. Foi obrigado a deixá-lo com apenas sete anos.
Um disco inesquecível: Que País É Esse (1978/1987). O álbum foi lançado em 1987, mas a canção Que País é Esse foi escrita quase 10 anos antes, quando Renato Russo ainda era da banda Aborto Elétrico. Além da música que deu nome ao disco, esse álbum também trouxe a música Eu Sei e a inesquecível e quase interminável Faroeste Caboclo. O disco vendeu mais de 1 milhão de cópias.
O legado para a música Nacional: Renato Russo mudou o panorama do rock brasileiro. Entre discos solos, com a Legião Urbana e póstumos, de estúdio e ao vivo, Renato Russo deixou mais de 20 discos e canções inesquecíveis. Enquanto alguém em algum lugar desse país repetir a frase é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, o legado de Renato Russo estará vivo.
Foto: Agência Estado
Chico Science -
13/03/1966 - 02/02/1997
Francisco de Assis França: O cantor ficou popularmente conhecido como Chico Science e foi o principal nome do Manguebeat, ritmo que nasceu em Recife e misturava Maracatu com Rock, Funk, Hip Hop e música eletrônica. Chico Science morreu muito cedo, aos 30 anos, vítima de um acidente de carro. Os dois CDs de Manguebeat que ele lançou com a banda Nação Zumbi entraram para a lista dos 100 melhores discos da música brasileira, lista feita pela Revista Rolling Stone Brasil . A mesma revista elegeu
Chico Science como o 16º maior artista da música brasileira .
Um disco inesquecível: Da Lama ao Caos (1994). Esse disco de Chico Science e Nação Zumbi foi o grande responsável por inaugurar o Manguebeat. O hit de maior sucesso do álbum, A Cidade, foi muito tocada na MTV e a música A Praieira fez parte da trilha sonora da novela Tropicaliente, da Globo.
Da Lama ao Caos se tornou um clássico da música brasileira e foi considerado o 13º melhor disco da história da música brasileira.
O legado para a música Nacional: Foram apenas três discos lançados, um deles já após a sua morte, mas o suficiente para dizer ao mundo que o Manguebeat existe e é bom.
Foto: Agência Estado
Claudinho -
14/11/1975 - 13/07/2002
Cláudio Rodrigues de Mattos: Antes de se tornar um dos maiores cantores de funk do Brasil, Claudinho experimentou o lado difícil da vida, foi vendedor de doces em semáforos e também pedreiro. O funk melody do cantor ganhou o país e ele se tornou referência, fato que levou a TV Globo a fazer o especial "Por Toda a Minha Vida - Claudinho", contando a trajetória do artista. Curiosamente, o seu último CD trazia um trecho profético, que dizia: "Buchecha sem Claudinho, sou eu assim sem você". De fato, Buchecha ficou sem Claudinho. Infelizmente, a carreira do cantor ficou pela estrada, mas precisamente, na estrada da descida da Serra das Araras, em Seropédica, RJ, onde sofreu um acidente fatal.
Um disco inesquecível: Só Love (1998). O disco trouxe um dos maiores sucessos da dupla, o hit Só Love. Outras músicas desse CD que também fizeram sucesso foram Beijo na Boca e Xereta. Só Love foi o terceiro disco de Claudinho & Buchecha.
O legado para a música Nacional: Ao todo, entre CDs ao vivo e em estúdio, a dupla lançou 6 discos, o suficiente para colocar Claudinho e seu parceiro como os cantores de funk mais bem sucedidos desse país.
Foto: Agência Estado
Maysa -
06/06/1936 - 22/01/1977
Maysa Figueira Monjardim, ou Maysa Matarazzo: Mais conhecida apenas como Maysa, ela foi uma das maiores cantoras brasileiras, foi também atriz e compositora. Maysa foi casada com André Matarazzo, relacionamento do qual nasceria o diretor de telenovelas da Globo, Jayme Monjardim, que mais tarde seria o diretor da maior homenagem que já foi feita à cantora, a minissérie global Maysa: Quando Fala o Coração. A artista teve uma vida conturbada e polêmica, teve vários romances e se envolveu intimamente com o álcool. Morreu aos 40 anos, vítima de um acidente de carro, numa Brasília, na Ponte Rio-Niterói.
Um disco inesquecível: Convite para Ouvir Maysa Nº 2. Esse foi o terceiro disco de Maysa. O álbum anterior já havia feito sucesso, mas foi com esse disco que a cantora se consolidou de vez. Foi nesse álbum que ela lançou um dos maiores sucessos da sua carreira, a música Meu Mundo Caiu. No disco também estavam músicas como No Meio da Noite, Por Causa de Você, Diplomacia e outras. O álbum também foi lançado na Argentina, com o nome Una Invitación Para Escuchar Maysa, e nos EUA, com o nome The Sound Of Love.
O legado para a música Nacional: Em sua carreira, Maysa lançou 19 LPs. Vários discos foram lançados postumamente e como tributos. Suas músicas fazem sucesso até hoje.
Foto: Agência Estado
Cássia Eller -
10/12/1962 - 29/12/2001
Cássia Rejane Eller: Ela não terminou nem o ensino médio, seu sonho era se tornar cantora de ópera, acabou se tornando cantora de uma banda de forró. Tocou em um grupo de samba e fez parte do Massa Real, o primeiro trio elétrico de Brasília. E para deixar bem claro que a sua trajetória era mesmo incomum, ela foi até servente de pedreiro. Após passar por tudo isso, Cássia alcançou o sucesso. Outro fato inusitado na vida de Cássia Eller foi a música Malandragem. A música havia sido feita para Ângela Ro Ro, que a recusou, Cássia Eller gravou e foi um sucesso estrondoso. A cantora foi intérprete de várias canções que marcaram época. O seu primeiro sucesso, Por Enquanto, dizia: Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba". Para Cássia Eller, acabou no final de 2001. A artista faleceu no auge da carreira, aos 39 anos, de infarto do miocárdio. Havia a suspeita de overdose por uso de drogas, mas a hipótese foi descartada pelo IML do Rio de Janeiro.
Um disco inesquecível: Acústico MTV: Cássia Eller (2001). Cássia Eller já tinha o seu público, mas foi com o disco acústico que o seu trabalho ultrapassou fronteiras. Esse disco trouxe os sucessos Malandragem, Todo Amor Que Houver Nessa Vida, Por Enquanto, Relicário e O Segundo Sol. Ao todo, o álbum teve 17 canções. O projeto teve a participação especial de Nando Reis e ultrapassou a marca de 1 milhão de cópias vendidas.
O legado para a música Nacional: Foram 12 anos de carreira, entre discos de estúdio e ao vivo, foram nove álbuns gravados, e neles, sempre parecia que não importava de quem fosse a música, na voz de Cássia Eller ela ficava mais bonita.
Foto: Divulgação
Leandro -
15/08/1961 - 23/06/1998
Luis José da Costa: Leandro, cujo nome real era Luis José, antes de alcançar o sucesso, trabalhou em plantação de tomate, foi vendedor de sapatos e cover dos Beatles. Ele e o seu irmão, Leonardo, mudaram o estilo de tocar sertanejo e inauguraram o que ficou conhecido como sertanejo moderno. Leandro não era apenas uma segunda voz, que por vezes é desnecessária, a sua interpretação solo da música Catedral é uma das mais emocionantes interpretações da música. Tudo corria bem na vida de Leandro, até que um câncer apareceu e algum tempo depois, o seu irmão teve que subir no palco e com um nó na garganta, cantar Não aprendi dizer adeus, não sei se vou me acostumar. E naquele dia, a segunda voz já não estava mais lá. Nunca mais estaria.
Um disco inesquecível: Leandro & Leonardo Vol. 4 (1990). Pense Em Mim foi um sucesso estrondoso, a música foi um marco na carreira do cantor e da música sertaneja. Naquele ano, não havia um só lugar que não tocasse um "Em vez de você ficar pensando nele..." Essa foi a principal música desse disco, mas não foi a única a fazer sucesso, também teve Cadê Você, O Cheiro da Maçã, Talismã e Desculpe, Mas Eu Vou Chorar.
O legado para a música Nacional: Leandro, ao lado do seu irmão Leonardo, deixou gravado 12 discos e inúmeras músicas que entraram para a cultura da música brasileira.
Foto: Agência Estado
Mamonas Assassinas -
Julho/1995 - 02/03/1996
Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec, Samuel Reoli e Sérgio Reoli, esses foram os jovens que fizeram o Brasil inteiro cantar Mina seus cabelo é da hora... Dinho era o líder e o mais irreverente da turma. Antes do "Mamonas", ele havia tentado a carreira de cantor com a banda Utopia, que não deu certo. O sucesso de Dinho e seus amigos viriam de uma coincidência. Naquela época, o cantor era amigo de Rick Bonadio e pediu a ele para gravar duas músicas para "zoar com a galera" num churrasco. Rick Bonadio (apelidado de Creuzebek, pela banda) viu as músicas e gostou. Era Robocop Gay e Pelados em Santos. Daí surgiu a ideia de lançar um CD com músicas engraçadas. Nascia assim, Mamonas Assassinas, a maior banda de rock cômico de toda a história da música brasileira. O Brasil já começava a criar expectativa sobre um possível segundo disco da banda, mas antes disso, um avião que os levariam de Brasília ao Aeroporto de Guarulhos, os levaram para o céu.
Um disco inesquecível: Mamonas Assassinas (1995). O grupo só precisou lançar um CD para entrar para a história. Foram vendidos cerca de 3 milhões de cópias e praticamente todas as músicas fizeram sucesso.
O legado para a música Nacional: Humor e música, esse foi o maior legado da banda. Alguns artistas precisam de uma vida inteira para se tornarem grandes, os Mamonas Assassinas só precisaram lançar um único disco para se tornarem eternos.
Foto: Agência Estado
Raul Seixas - 28/06/1945 - 21/08/1989
Maluco Beleza, Pai do Rock Brasileiro: Raul Seixas foi eleito pela revista Rolling Stone Brasil o 19º maior artista da música brasileira. Foi também um compositor genial e da sua parceria com Paulo Coelho nasceram músicas memoráveis. Por suas letras polêmicas, foi censurado e expulso do Brasil. Mas o sucesso das suas músicas o fez voltar. Sua vida virou filme: Raul, o Início, o Fim e o Meio. Raul transcendeu os limites de um artista, virou um mito, um mito que sempre estará vivo, enquanto um desconhecido na multidão gritar: Toca Raul.
Um disco inesquecível: Gita (1974). Esse foi o disco mais vendido de Raul Seixas. A música que deu nome ao álbum faz referência aos textos sagrados do hinduísmo, o Bhagavad-Gitā, e foi composta em parceria com Paulo Coelho. Gita foi considerada pela revista Rolling Stone como uma das 100 maiores músicas brasileiras e teve uma versão cantada em inglês, a qual Raul chamou de I Am. Outras músicas do mesmo disco que também fizeram bastante sucesso foram Medo da Chuva, O Trem das 7, Água Viva e Sociedade Alternativa.
O legado para a música Nacional: Raul deixou 21 discos gravados em estúdio e fez o Brasil mergulhar no mundo do rock.
Foto: Agência Estado
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